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Violencia no Rio.
Violencia no Rio.

Violencia no Rio.

 

Na madrugada desta quarta-feira, o Rio de Janeiro viveu pelo terceiro dia seguido uma onda de terror. Desde as 23h da noite de terça pelo menos 14 ataques foram registrados na capital, na Baixada Fluminense e em Niterói, Subúrbio e zona oeste.

A onda de violência imposta pelos traficantes começou na avenida Paulo de Frontin, próximo ao Estácio, onde um carro foi incendiado na pista sentido centro. De acordo com o Serviço Reservado do batalhão do Estácio (1º BPM), uma Tucson preta parou e os ocupantes atearam fogo em um Voyage, na esquina com a rua Santa Amélia.

Pouco depois, quatro criminosos armados com fuzis metralharam uma cabine da Polícia Militar que fica na praça do Relógio, no centro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Três PMs estavam no local e se salvaram porque a cabine é blindada.
 

As ações de criminosos continuaram em Duque de Caxias e se estenderam até Belford Roxo, também na Baixada. No primeiro município, um veículo foi queimado no bairro parque Lafaiete. Já no segundo, dois ônibus foram incendiados no bairro Jardim Redentor. Os coletivos faziam as linhas parque São José - Praça Mauá e Jardim Redentor - Praça Mauá. Não há informações sobre feridos

Os ataques aconteceram também em Niterói e São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Segundo o Corpo de Bombeiros, bandidos atearam fogo em três carros, sendo dois no Fonseca e um em São Lourenço. Já em São Gonçalo, dois carros foram queimados nos bairros do Pita e Porto da Pedra, de acordo com a Polícia Militar.

Por volta das 4h, bandidos voltaram a agir na Baixada Fluminense, desta vez em Japeri. Três homens invadiram um ônibus que fazia a linha Japeri – Nova Iguaçu, pediram aos passageiros que deixassem o veículo, o atravessaram na pista lateral da rodovia Presidente Dutra e atearam fogo. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, ninguém ficou ferido e nenhum pertence foi levado dos passageiros. Bombeiros da região controlaram as chamas.

Já pela manhã, um ônibus da viação Três Amigos foi incendiado em Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio. A empresa confirmou que o ato foi criminoso. A zona oeste também entrou na onda de ataques, por volta das 9h30. Um ônibus e uma van foram queimados e uma mulher ficou ferida.

O secretário José Mariano Beltrame solicitou à Justiça a transferência de oito presos do Rio de Janeiro para presídios federais em outros Estados. O pedido é mais uma reação do governo estadual aos ataques iniciados no sábado (20). Beltrame afirmou que quem "atravessar o caminho" da atual política de segurança do governo "será atropelado". Os nomes dos presos a serem transferidos serão divulgados somente após autorização da Justiça para enviá-los para outros Estados.

Apesar da afirmação, na última segunda, o secretário disse que não há como evitar a ação de criminosos nas ruas. Segundo ele, seria um blefe do Estado dizer que a polícia irá coibir atentados e arrastões como os que vêm ocorrendo na cidade- Não tem como garantir isso (evitar os ataques). Quem garantir isso é um blefe. O que nós temos que fazer é buscar antecipar isso e buscar os autores.

Escolas sem aula

A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro informou que na tarde de terça-feira 7.320 alunos, em dez escolas, ficaram sem aulas por conta de operações policiais e ataques de criminosos em vários pontos da capital.

Ficaram fechadas três escolas localizadas na Penha, seis escolas em Olaria e uma escola em Manguinhos. Também em Manguinhos, duas escolas e um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) funcionaram com poucos alunos.

Operações nos morros e reforço nas rodovias

Durante operação Fecha Quartel, deflagrada nesta terça-feira, a Polícia Militar prendeu oito pessoas e deteve duas. Além disso, dois bandidos acabaram mortos. Foram apreendidos um fuzil, duas pistolas, 50 kg de cocaína e 2.287 porções de cocaína. A polícia também recuperou um carro e apreendeu quatro litros de gasolina e uma garrafa de coquetel molotov (explosivo artesanal). Segundo a PM, as ações aconteceram em 18 comunidades e vão continuar por tempo indeterminado.

Cerca de 1.200 policiais da área administrativa foram colocados nas ruas para reforçar o policiamento. Outra medida adotada foi um centro de inteligência montado no Batalhão da Maré para coordenar as ações de segurança.

Além das operações nos morros e favelas, o policiamento das rodovias federais também deve ser reforçado. A pedido do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o presidente Lula determinou que o Ministério da Justiça aumente o efetivo da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas estradas federais que cortam o Estado. O órgão informou que o número de policiais pode triplicar no Rio.

Origem dos ataques

A polícia tem informações de que uma suposta reunião ocorrida no último domingo (21) na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, pode ter selado um pacto entre as duas principais facções criminosas do Rio de Janeiro e que desencadeou a sucessiva onda de ataques.

A suposta aliança teria como objetivo enfrentar a política de segurança do governo estadual, principalmente a expansão das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). Além de perder territórios, os bandidos estão amargando prejuízos.

Policiais afirmam que o traficante Marcinho VP, preso na penitenciária federal de Catanduvas (PR) e líder da facção que atua no complexo do Alemão, transmitiu ordens para seus subordinados realizarem ataques na cidade e agirem com extrema violência. De acordo com informações que chegaram à polícia, a orientação é atirar se houver reação das vítimas.

Terror começou no fim de semana

Desde a noite de sábado (20), a população do Rio vive um clima de terror com as constantes ameaças impostas por bandidos, que queimaram carros em diversos pontos da cidade e atiraram contra duas cabines da PM.

A série de crimes do fim de semana começou por volta das 23h15 de sábado, na rodovia BR-116 (Rio-Magé), na altura de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Durante uma tentativa de arrastão, um homem, que não conseguiu frear e bateu no carro dos bandidos, levou um tiro de fuzil e morreu. A família da vítima presenciou tudo.

No dia seguinte, dois veículos foram incendiados na linha Vermelha, na altura de Duque de Caxias. A Polícia Militar informou que seis homens armados com fuzis fecharam a pista sentido Centro, mandaram os motoristas e passageiros descerem e atearam fogo em um Fox e um Prisma.

Segundo o BPRV (Batalhão de Polícia Rodoviária), os criminosos ainda dispararam tiros e jogaram uma granada contra um carro da Aeronáutica que passava pelo local. O artefato explodiu, mas ninguém ficou ferido.

 

Ataque contra uma van em Irajá. Veículo ficou destruído (foto: reprodução)

A ação dos bandidos não parou por aí. Na zona sul, dois outros crimes assustaram os motoristas. Em Laranjeiras, quatro bandidos assaltaram uma pessoa que estava em um carro na rua Presidente Carlos de Campos. Na rua Bogari, na Lagoa, pelo menos três veículos foram assaltados. Em ambos os casos, as vítimas tiveram pertences e dinheiro roubados.

Na rodovia presidente Dutra, um outro veículo foi assaltado e o motorista, um homem de 26 anos, baleado de raspão na cabeça. Guilherme Feitosa da Silva foi levado para o hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio, a vítima está em estado grave.

Na noite de segunda (22), os bandidos voltaram a atuar na Via Dutra. Dois carros foram incendiados na pista de descida da rodovia, na altura da Pavuna, no subúrbio da cidade. Muitos motoristas, assustados, voltaram na contramão. Uma van e dois veículos também foram queimados no Trevo das Margaridas, em Irajá, na zona norte.

Na madrugada desta terça (23), pelo menos outros três carros foram incendiados na cidade, um no bairro do Estácio, região central, outro na Tijuca, na zona norte, e o último na praça da Bandeira, na zona norte. A polícia também prendeu três suspeitos, entre eles dois adolescentes, de participar da onda de violência, no bairro de Copacabana, na zona sul. Eles foram surpreendidos com bombas de fabricação caseira.

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